
Sete cães foram trancados e abandonados em uma residência na rua Mauriti, no bairro Vila Humaitá, em Santo André. De acordo com as primeiras informações, a antiga moradora saiu do imóvel em fevereiro, após o corte do abastecimento de água, mas deixou os animais trancados, sem comida, água ou ventilação.
Alguns animais escaparam para o quintal nos fundos da casa e chamaram a atenção dos vizinhos, que relataram situação de abandono, maus-tratos e obstrução de qualquer tentativa de resgate.
Uma cadela que vive no local deu à luz recentemente, mas moradores suspeitam que parte dos filhotes não tenha sobrevivido. Segundo relatos, alguns filhotes tiveram dificuldades para se locomover e utilizavam apenas as patas dianteiras. Voluntários acessaram o terreno pelos fundos, com autorização dos moradores, e encontraram os cães visivelmente debilitados, com sinais claros de desnutrição.
Em entrevista ao RD, Juliana Martins, filha de um dos proprietários do terreno, explica que a mulher morou na casa por mais de 25 anos. Após a morte do proprietário, ela deixou de pagar aluguel e recusou-se a desocupar. “Entramos com ordem de despejo, que ainda está em andamento. Nosso advogado apresentou pedido de urgência ao juiz. Estamos nessa luta desde fevereiro”, relata. Ela conta que, mesmo após sair da casa, a mulher deixou o imóvel fechado com os cães dentro para tentar provar que ainda reside no local.
Segundo Juliana, a mulher chegou a alimentar os animais esta semana ao saber da presença de pessoas no local, mas saiu em seguida e trancou-os novamente. “O cheiro é insuportável, e o quarto está imundo. Um comerciante da região contou que ela deu dois filhotes, mas não sei o que aconteceu com os demais. Antes, ela aparecia com mais frequência; agora, vem uma vez por mês e olhe lá”, desabafa.
Juliana relata que a antiga moradora preparava marmitas para venda dentro do imóvel. Segundo ela, a atividade gerava preocupação devido às condições de higiene. “Denunciei várias vezes à Vigilância Sanitária, mas ninguém apareceu”, conta.

Ana Santos, que também mora no quintal, reforçou a gravidade do caso. “Conhecia ela de vista, mas nunca conversei com ela. No dia em que veio uma equipe de reportagem, conseguimos dar pão e água a dois cães que estavam soltos nos fundos. Os outros continuam presos. Chamamos a polícia, mas a viatura não apareceu. Ela voltou depois, trancou tudo de novo e desapareceu”, afirma.
Ana conta que a filha da moradora, uma adolescente de 15 anos, agredia os animais com cabo de vassoura e mangueira. “Elas nunca permitiram que ninguém pegasse os cães. A casa está isolada com panos para impedir a visão do lado de fora. Mesmo assim, ouvimos os latidos durante a noite. Eles choram sem parar”, lamenta. Ana também relata que, toda vez que alguém tenta resgatar os animais, a antiga moradora reaparece, provoca confusão e recusa abrir a porta.
Em nota, a Prefeitura de Santo André informa, por meio do Departamento de Proteção e Bem-estar Animal, que, até quarta-feira (18/06), durante o horário de expediente, não havia recebido nenhuma denúncia e que fará a apuração do caso para tomar as medidas cabíveis.