ABC - sexta-feira , 20 de junho de 2025

Gripe avança e médicos recomendam lavar mais as mãos e uso de máscara

Vacinação é a melhor forma de se prevenir da gripe. (Foto: Banco de Dados)

Os números da gripe crescem e especialistas recomendam levar a sério medidas de proteção como higienização das mãos e até máscara em locais fechados e aglomerados, como foi feito durante a pandemia da covid-19 iniciada em 2020. Os dados exatos sobre as mortes no ABC ainda não são conhecidos, uma vez que os municípios não forneceram todas as informações, no Estado, por sua vez, o Boletim Epidemiológico de Síndromes Gripais, atualizado nesta quarta-feira (18/06) com dados até a 25° semana deste ano, ou seja, até a primeira semana de junho, mostra que a Influenza é a segunda causa de óbitos no território paulista entre das SRAGs (Síndromes Respiratórias Agudas Graves), com 25,2% dos casos fatais (689 mortes).

A Influenza perde apenas para os casos de SRAG não especificados, com 47% (1.284 mortos), segundo o boletim estadual. A covid-19 vem em terceiro como causa de mortes com 473 fatalidades (17,3%). “Entre os casos que evoluíram a óbito, 1.869 (68%) tinham alguma condição de risco. As doenças cardiovasculares crônicas foram o fator de risco mais frequente entre os óbitos de SRAG (37%)”, diz o relatório. Só na Capital paulista o número de mortes pelas síndromes respiratórias subiu 127%.

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No ABC só três cidades informaram o número de casos e óbitos. São Bernardo, que teve 12 mortes este ano por SRAG, sendo que seis casos foram de Influenza e quatro de covid-19; Diadema teve quatro mortes no ano passado e informou que neste ano não foram registrados casos fatais. As unidades hospitalares em Diadema receberam 484 pessoas que ficaram internadas com síndromes respiratórias neste ano e 725 no mesmo período do ano passado. Rio Grande da serra imformou apenas 31 internações este ano, sem óbitos. A cidade diz não ter os números de 2024.

Máscara

Para Victor Hugo Martins, pneumologista e colaborador Gepraps (Grupo de Estudo e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária à Saúde) Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC, a situação já traz preocupação com a transmissão. “Com o aumento dos casos e mortes por gripe, é importante retomar medidas de autocuidado como evitar aglomerações, usar máscara em locais públicos fechados ou com grande fluxo de pessoas e aumentar a frequência de higienização das mãos. Essas medidas são eficazes para reduzir a transmissão do vírus da gripe e outras doenças respiratórias”, aponta.

Pessoas mais vulneráveis, como crianças, idosos e doentes crônicos devem redobrar os cuidados, segundo o médico da FMABC. “Comorbidades como doenças cardíacas, diabetes, doenças pulmonares crônicas (como enfisema e asma), doenças renais crônicas, obesidade mórbida, e condições que afetam o sistema imunológico (como HIV/AIDS ou uso de medicamentos imunossupressores) estão em maior risco de desenvolver casos graves de gripe. É crucial que essas pessoas tomem medidas preventivas adicionais e busquem atendimento médico rapidamente se apresentarem sintomas gripais graves, como febre que não cessa ou falta de ar”, recomenda Martins.

O pneumologista diz que os hospitais e demais unidades de atendimento médico já devem “por prudência” reativar os protocolos de separação de pacientes com síndromes gripais como foi feito durante a pandemia. “Por mais complicado que seja, seria prudente que os hospitais e unidades de pronto atendimento reativassem os protocolos de separação de pacientes com síndromes gripais para evitar a transmissão nosocomial. Implementar um atendimento especializado e separado para esses pacientes pode ajudar a controlar a disseminação do vírus e proteger tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde”, destaca.

Martins também sugere ações educativas e implementação de medidas nas escolas para impedir a transmissão de vírus, nesta época de dias mais frios em que portas e janelas ficam fechadas. “Climatização adequada e a ventilação em salas de aula são fatores importantes para reduzir a transmissão de vírus, incluindo o da Influenza, especialmente em dias frios quando as janelas tendem a ficar fechadas. Reforçar a distribuição de álcool em gel nas escolas, promover a higienização frequente das mãos, e garantir uma boa ventilação são medidas que podem ajudar a diminuir o risco de transmissão de doenças respiratórias entre os alunos e professores. Seria um momento adequado para adotar essas medidas preventivas”, completa.

Para o infectologista e professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Renato Grinbaum, também destaca os riscos agravados para a população mais vulnerável. “Os grupos de risco ou pessoas vulneráveis, são pessoas com problemas no coração, no rim e no fígado, que fazem com que nossas defesas fiquem mais prejudicadas e com menor capacidade de limitar a ação do vírus. As gestantes têm maior risco de adoecer com o vírus da Influenza, as crianças menores de um ano e os idosos também. Estas são pessoas que, pela própria condição do organismo, estão mais vulneráveis ao vírus da influenza”.

Vacina

O médico da USCS diz que a vacinação é a melhor proteção contra as situações mais graves das SRAGs. “Eu, como infectologista, com certeza gostaria de campanhas mais intensas, mas eu acho que a razão principal que temos aí foi o preconceito criado contra as vacinas e contra a ciência que vem desde a época da covid. A gente tem que perder o medo das vacinas, voltar a cuidar da saúde e pensar que as vacinas foram o maior ganho, o maior benefício, para a medicina e para a qualidade de vida das pessoas”, orienta.

Apesar da situação agravada das síndromes respiratórias, Grinbaum vê com parcimônia a adoção de medidas drásticas de proteção, mas recomenda fortemente ações educativas de higienização e autocuidado. “Não acredito em protocolos como os da pandemia ainda. O número de casos aumentou e esse vírus que está circulando é mais agressivo, mas acredito que se as pessoas se vacinarem mais, se tiverem mais cuidados não será necessário ter um tipo de medida mais pesada até porque não é um vírus novo com um potencial de trazer danos tão intensos quanto foi a gripe de 2009 ou quanto foi o covid em 2020”.

“Estamos entrando na época de férias, o que vai ajudar com relação à aglomeração em escolas, mas acho que até como medida educativa não só a vacinação dos grupos de risco, nas escolas podem ser feitas campanhas para ensinar as crianças em como fazer a sua higienização de mãos, pensar em medidas arquitetônicas de baixo custo e que possam ser feitas para diminuir a transmissão. Temos uma gripe que é mais intensa que a do ano passado e que está trazendo mais problemas, mas temos a capacidade de lidar com ela se todos levarmos a sério de forma conjunta”, completa Grinbaum.

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