ABC - terça-feira , 17 de junho de 2025

Diadema derruba adegas irregulares em ação contra pancadões; moradores aplaudem

Tratores derrubam comércios irregulares no conjunto habitacional conhecido como Pombal, em Diadema. (Foto: Reprodução Rede Social)

Em uma ofensiva contra os bailes funk ou pancadões, como também são conhecidas as festas clandestinas de rua, a prefeitura de Diadema derrubou nesta sexta-feira (06/06) diversos comércios irregulares no entono dos prédios populares do conjunto habitacional conhecido como Pombal, no bairro Serraria. Segundo a administração municipal, além de estarem irregulares, sem alvarás de funcionamento e ocupando área pública, os estabelecimentos seriam os patrocinadores dos pancadões que em todos os finais de semana tiravam o sono dos moradores do bairro. Moradores ouvidos pelo RD comemoraram a ação da prefeitura e esperam ter o primeiro fim de semana sem barulho em vários anos.

Segundo os moradores as festas clandestinas começam na noite de sexta-feira só terminam na manhã de segunda. Quem não frequenta os bailes, acaba sendo incomodado pelo barulho, pela presença de pessoas que lotam as praças que ficam entre os prédios, com a venda indiscriminada de bebidas alcoólicas de origem duvidosa, além do tráfico de drogas e a presença de menores. Diversas estratégias foram usadas pela prefeitura nas últimas gestões, porém o chamado Baile do Pombal é um ponto de resistência e o anúncio das atrações das festas clandestinas são feitos abertamente em redes sociais.

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Com o fim das adegas e outros estabelecimentos irregulares, que foram demolidos pela administração municipal, os moradores esperam ter de volta o sossego e o direito do uso das áreas públicas do entorno. “É tranquilizante saber que vamos poder dormir no fim de semana. A população gostou, muita gente que apoiou a ação da prefeitura queria comemorar, mas ficaram quietos com receio da reação daqueles que são errados”, disse um morador, que preferiu não ser identificado, também com medo de represálias.

Outro morador lembrou que, se algo não for feito no local onde estavam os comércios irregulares, o risco destes espaços serem novamente ocupados é grande. “Eles podem voltar com carrinhos de bebida, depois vão subindo paredes de novo. Se a prefeitura não decidir o que vai fazer nesse espaço eles voltam de novo. Por enquanto estamos animados, tem bastante polícia e guarda por aqui, vamos ver quanto tempo isso vai durar. Por enquanto os pais de família estão mais tranquilos”, disse o morador. Ele sugere ainda que a área onde ficavam os estabelecimentos clandestinos pode servir para ampliação de quadras de esportes, ou mesmo abrigar as chamadas academias ao ar livre.

A prefeitura de Diadema informou que a destinação do espaço será anunciada nos próximos dias. Nesta sexta-feira, além do pessoal com tratores e caminhões que atuaram na demolição dos comércios irregulares, um forte contingente das forças de segurança deram apoio aos servidores municipais, só de Guardas Civis foram 35 integrantes, segundo informou a prefeitura. Quanto à demolição a prefeitura disse que 25 estabelecimentos clandestinos foram demolidos. A administração informou, em nota, que os donos destes estabelecimentos tiveram tempo para apresentarem documentação sobre a regularidade dos seus comércios, mas não o fizeram.

“No caso dos comércios irregulares que estão sendo demolidos hoje no Pombal, a prefeitura informa que há cerca de um mês esses estabelecimentos já haviam sido fechados por falta de documentação e alvará de funcionamento. Além de estarem localizados em áreas públicas, os estabelecimentos também invadiam áreas que só poderiam ser utilizadas para finalidade de lazer, tais como praças. Segundo denúncias de moradores, os locais abasteciam essas festas irregulares com bebidas e outros itens. A Prefeitura de Diadema informa que as notificações foram emitidas para fiscalização de comércios na terça-feira, informando o término do prazo dado para apresentação de documentos que já haviam sido anteriormente solicitados. Foi dado o prazo de mais 3 dias para apresentação de documentação, o que não ocorreu. O objetivo da ação não atinge moradias e não haverá demolição de residências, somente de comércios irregulares”, diz nota da prefeitura. A administração informou que também não houve tentativa dos comerciantes de negociação com a prefeitura.

Região

Apesar de Diadema ter o Pombal e também outros pontos de pancadão que merecem atenção do poder público, a situação ocorre em diversas partes da região. Apenas a prefeitura de São Caetano nega ter problemas com esse tipo de situação, nas demais há locais em que a fiscalização tem que agir.

A prefeitura de Rio Grande da Serra, a menor cidade da região em termos populacionais, admite a existência de quatro pontos onde as festas clandestinas são realizadas. O município disse que neste ano realizou quatro ações nestes locais para coibir os bailes irregulares.

Em São Bernardo a prefeitura diz que são cinco os pontos de concentração de pessoas em bailes funk. Em nota, a administração municipal diz e os locais onde há perturbação do sossego são conhecidos e monitorados constantemente. “Desde o início do ano, a Guarda Civil Municipal, por meio da Romu (Ronda Ostensiva Municipal), já realizou a dispersão de mais de 4 mil pessoas em 11 locais da cidade. Como estratégia para evitar a aglomeração de pessoas, a ROMU mantém rondas e estacionamento de viaturas nestes locais. ⁠O monitoramento também é realizado pelas equipes de área, que por meio das rondas ao identificar o início da aglomeração, o reforço é acionado”, diz o comunicado.

A prefeitura de Santo André não informou quantos nem quais são os pontos onde ocorrem os bailes funk, mas admite a ocorrência dessas situações e a GCM (Guarda Civil Municipal) atua em parceria com o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) para coibir essas festas de rua. “Com foco na preservação da ordem pública, da saúde coletiva e do sossego dos moradores, essas ações fazem parte da Operação Sono Tranquilo, que ocorre de forma permanente na cidade. Somente em 2025, já foram realizadas 12 edições da Operação Sono Tranquilo. As operações têm como objetivo coibir eventos irregulares em vias públicas, garantir o cumprimento das normas municipais e prevenir situações que coloquem em risco a integridade da população”, diz o paço andreense. As denúncias, podem ser feitas pela Central de Atendimento Telefônico, redes sociais e o aplicativo Colab.

As prefeituras de Ribeirão Pires e Mauá não responderam.

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