O preço médio da cesta básica fechou maio em R$ 1.079,90, uma queda de 1,82% em relação a abril, quando o valor estava em R$ 1.099,85. O dado, divulgado pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), indica tendência de estabilização nos preços dos alimentos, segundo o engenheiro agrônomo da companhia, Fábio Vezzá de Benedetto.
Segundo o especialista, “há uma preocupação constante das pessoas com os alimentos no orçamento. Ter um cenário de estabilidade como este é algo muito positivo. Ao considerar fatores que costumam gerar preocupação, como o clima, tensões políticas e até os reflexos da pandemia, tivemos um mês relativamente estável”, afirmou em entrevista ao RDtv. O levantamento é feito com base em 34 produtos e comparados em estabelecimentos para obtenção da média de preço.
Arroz e feijão puxam queda
A recuperação da produção nacional após as enchentes no Rio Grande do Sul (principal estado exportador de arroz) evitou o cenário temido de escassez e alta de preços. “Houve preocupação, mas o que aconteceu não refletiu o cenário distópico que se imaginava. Pelo contrário, a produção brasileira cresceu 15% de lá para cá, o que favoreceu a queda nos preços”.
A redução no valor da cesta refletiu diretamente a queda nos preços do arroz e do feijão, itens essenciais no consumo diário. De abril para maio deste ano, o arroz caiu 36,54%, de R$ 23,96 para R$ 19,89 (pacote de 5 kg), e o feijão, 27,94%, de R$ 6,00 para R$ 4,32 o quilo.
No caso do frango, a gripe aviária provocou menos impacto do que o esperado. A carne de coxa e sobrecoxa teve queda de 3,29% de abril para maio, com preço reduzido de R$ 11,89 para R$ 11,50. “Muitos imaginavam que países fechariam as portas ao produto brasileiro, o que geraria sobra no mercado interno, mas isso não aconteceu. A repercussão internacional dos casos no Brasil me surpreendeu. Nossa resposta foi rápida e eficiente, o que nos enche de orgulho”, diz.
Outros itens apresentaram recuos expressivos: molho de tomate (-38,38%, de R$ 2,81 para R$ 1,73), sabonete (-34,78%, de R$ 2,42 para R$ 1,58), tomate in natura (-30,66%, de R$ 12,72 para R$ 8,82), papel higiênico (-21,65%, de R$ 21,82 para R$ 17,09), carne bovina de primeira (-3,56%, de R$ 48,62 para R$ 46,89) e laranja (-20,24%, de R$ 6,99 para R$ 5,58). “A laranja gerava preocupação, mas o crescimento na produção de frutas como a mexerica ajudou a manter o equilíbrio no mercado”, afirma o engenheiro.

Já o café permaneceu praticamente estável, com queda de 0,05%. Em abril, o pacote de 500g custava R$ 28,22; em maio, fechou em R$ 28,20. Segundo o engenheiro da Craisa, o produto passou a ter destaque no mercado chinês, especialmente o segmento de cafés especiais. “A China começou a consumir café brasileiro e entrou no mercado de produtos mais sofisticados. Esse movimento impulsiona a valorização, como já ocorreu com o vinho. Antes, o café era questionado; hoje, tornou-se um item valorizado e disputado”.
Alface e batata lideram altas
Alface (62,02%, de R$ 2,78 para R$ 4,51) e batata (44,40%, de R$ 4,57 para R$ 6,59) lideraram as altas entre os itens da cesta básica. O aumento do preço da alface surpreendeu, já que, segundo Benedetto, esta época do ano costuma favorecer o cultivo e reduzir o consumo. “A unidade do pé de alface custava, em média, R$ 2,78 em abril, e subiu para R$ 4,51 em maio. Trata-se de uma variação considerável. Oscilações de clima, oferta e promoções influenciam os valores”, explica.
Produtos de higiene e limpeza também voltaram a preocupar, como o creme dental, que passou de R$ 3,06 em abril para R$ 4,10 em maio, um aumento de 34,19%. O sabão em pó subiu 11,32%, de R$ 9,16 para R$ 10,19. Para Benedetto, esses itens já provocaram impacto anteriormente e por isso, recomenda estocar alguns produtos e buscar alternativas em redes de atacarejo, que costumam oferecer melhores preços.
Próximos meses
O agrônomo aponta que o clima e as festas juninas podem influenciar o mercado nos próximos meses. “As geadas desta época do ano geralmente afetam alimentos como hortaliças, legumes e frutas, incluindo o milho-verde e a batata-doce. Tudo depende do comportamento climático”. Por outro lado, acredita que o mercado já se adapta às sazonalidades. “No caso do milho-verde, por exemplo, os produtores se prepararam, garantiram a oferta e ajudaram a manter os preços”.